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Não deve perder-se no esquecimento a admirável eficácia da sua oração e como, por meio dela, encaminhou uma alma para Deus no princípio da sua conversão e de como continuamente a protegeu.
Com efeito, tinha uma irmã de tenra idade de quem se sentia irmanada por laços de sangue e de pureza. Nada mais dese-java e nada mais pedia com tanto ardor nas orações que dirigia a Deus, que a sua conversão. Implorava a Deus que, assim como tinham sido no meio do mundo um só coração e uma só alma, da mesma maneira continuassem ao serviço de Deus. Pedia com insistência ao Pai das misericórdias (2 Cor 1, 3) para que sua irmã Inês, que deixara em casa, sentisse o vazio do mundo e que a felicidade que só em Deus se encontra, a desviasse do propósito do casamento carnal e a encaminhasse para a união com o seu amor, para que, em perfeita virgindade, ambas se unissem ao Esposo da glória. Na realidade era extraordinário o afeto que as unia, o que por diferentes razões tornava muito dolorosa a recente separação.
A divina majestade não demorou a satisfazer os pedidos de tão insigne suplicante, comprazendo-se Deus a conceder, sem demora, a graça que ela tanto desejava. Assim, dezasseis dias depois da conversão de Clara, Inês, inspirada pelo divino Espírito, dirigiu-se pressurosa para junto de sua irmã e comunicou-lhe o segredo de sua decisão: consagrar-se inteiramente ao Senhor. Abraçando-a com intensa alegria, Clara exclamou: “Dou graças ao Senhor, querida irmã, porque atendeu a minha oração a teu favor”.
À maravilhosa conversão, seguiu-se uma não menos maravilhosa defesa da mesma. Sucedeu que, enquanto as felizes irmãs seguiam as pegadas de Cristo na Igreja de Santo Ângelo de Panzo, e Clara, já com mais experiência, iniciava a sua irmã e noviça, os familiares levantaram-se contra elas e começaram a per-segui-las.
Quando se aperceberam de que Inês tinha passado para o lado de Clara, juntaram-se doze homens no dia seguinte e, cheios de fúria, dirigiram-se para o local. Exteriormente fingiam uma visita pacífica, mas no seu íntimo tinham urdido um plano malvado. Tendo já antes perdido toda a esperança de demover Clara da sua decisão, dirigiram-se a Inês e interpelaram-na: “O que vieste fazer a este lugar? Prepara-te depressa para regressar a casa connosco!”
Quando ela respondeu que de maneira nenhuma estava disposta a separar-se de sua irmã Clara, um dos cavaleiros precipitou-se para ela. Enfurecido e à força de socos e pontapés, tentou arrastá-la pelos cabelos, enquanto os outros a empurravam e lhe pegavam pelos braços. Vendo-se a jovem arrebatada das mãos do Senhor como presa de leões, gritou por socorro: “Querida irmã, ajuda-me e não permitas que me separem de Cristo Senhor”. Enquanto os salteadores arrastavam violentamente a jovem encosta acima, rasgando-lhe os vestidos e deixando atrás de si os cabelos arrancados, Clara, banhada em lágrimas, orava. Pedia que a irmã se mantivesse firme e constante e que nela o poder divino superasse a força dos homens.
De repente, aquele corpo caído no chão tornou-se tão pesado, que o esforço daqueles homens não foi suficiente para o transportar para o outro lado dum riacho que ali passava. Mesmo com a ajuda de outros que dos campos e das vinhas acorreram ao local, não a conseguiram levantar do solo.
Quando, já cansados desistiram do seu intento e não que-rendo aceitar a evidência do milagre, comentaram jocosamente: “Não admira que pese tanto, passou a noite toda a comer chumbo!” Monaldo, tio paterno, desesperado e furioso, levantou os braços com intenção de lhe acertar um soco brutal. Mas, quando levantou a mão, sentiu uma dor muito forte, que o incomodou durante muito tempo.
Depois de tanto sofrimento, Clara aproximou-se e pediu aos parentes que desistissem dos seus intentos e que lhe confiassem Inês, que jazia ali morta. E, enquanto eles, mal humorados, se afas-taram sem terem logrado os seus intentos, levantou-se Inês cheia de alegria. Feliz por ter travado o primeiro combate pela Cruz de Cristo, consagrou-se para sempre ao serviço de Deus.
Foi o próprio bem-aventurado Francisco que lhe cortou os cabelos e as instruiu a ambas no caminho do Senhor. Mas, porque a magnífica perfeição de sua vida não se pode contar em tão curto espaço, voltemo-nos de novo para Clara.

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